PSICOLOGIA DAS MASSAS E RACISMO DE ESTADO: O ULTRACONSERVADORISMO CONTEMPORÂNEO
MASS PSYCHOLOGY AND STATE RACISM: CONTEMPORARY ULTRACONSERVATORY
DOI:
https://doi.org/10.24861/2526-5180.v4i7.109Palavras-chave:
Psicologia das Massas, Racismo de Estado, Biopolítica, Ultraconservadorismo, Discurso de Ódio, Atomismo SocialResumo
Este artigo se vale de três clássicos autores do pensamento ocidental - Sigmund Freud, Hannah Arendt e Michel Foucault - para compreender como se formaram os discursos de ódio, de cunho ultraconservador, no Brasil contemporâneo e levaram à eleição de Jair Bolsonaro para chefe do poder executivo. A hipótese sustentada é a de que esses discursos puderam penetrar a sociedade brasileira a partir de movimentos de massas de longa duração. Por isso, o artigo perscruta os fundamentos psicossociais para justificar a organização desses movimentos e sua coesão. Pretende-se, em síntese, compreender como cidadãos que aparentemente não são perversos se mantém leais a esse líder mesmo cientes de seus atos inescrupulosos. Freud traz duas explicações para esse fenômeno, primeiro que são ligações libidinais que caracterizam as massas, de modo a elegerem um objeto libidinal que substitui o lugar do ideal do eu, a extinguir a instância moral dos membros da massa. E, em segundo lugar, Freud atenta para o fenômeno da identificação, a justificar que as massas funcionariam como hordas, sujeitas aos excessos do pai primordial. Em seguida, o artigo busca, a partir de Foucault, justificar a violência social que se instaurou no país valendo-se da teoria do racismo de Estado, sob uma perspectiva biopolítica. O racismo de Estado funciona a partir da fratura, da divisão que cinde um povo ao meio e estabelece um conflito permanente no interior da sociedade. Essa é a primeira função do racismo: fragmentar e fazer censuras no interior de um mesmo povo. Ao final, com Hannah Arendt, essa discussão foi trazida ao plano prático, a partir da análise dos regimes autoritários que emergiram por meio dos movimentos de massa dos anos 20 e 30 do século XX, na Europa. A autora sustenta que isso foi possível em decorrência do desenvolvimento das sociedades burguesas e a consequente atomização social desse tipo de reprodução econômica e social. Como será demonstrado, o totalitarismo tem terreno fértil nas sociedades apolíticas, indiferentes, que, por meio de seu silêncio, permitem o crescimento do autoritarismo.
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